O que me inspira nesse 08 de março
O que me inspira nesse 08 de março
Por Renata Moraes
Vivemos num país que não é justo, seguro nem gentil com as mulheres. Poderia relembrar uma lista de dados assustadores que entristecem a todas nós. Ao invés disso, neste dia das mulheres, quero me dedicar a celebrar a força, brilho e grandeza do feminino que me inspira. Não é o feminino das rosas que algumas de nós vamos ganhar hoje. É o feminino com vários rostos, jeitos e vozes que eclodiu em luta por espaço, oportunidades e respeito em nosso Brasil e no mundo nos últimos tempos.
É o feminino das mulheres coloridas do nosso carnaval. Das que se vestem de Pagu e Frida nos bloquinhos, das seminuas da avenida e das que levam os filhos no baile do clube do bairro.
Da maternidade potente das mulheres que não aceitam mais o papo de que "é necessário fazer uma escolha", que se reúnem em grupos como o Maternativa para se apoiar no empreendedorismo que as acolhe enquanto o mercado as expulsa porque geraram uma vida.
Das redes de colaboração feminina em várias esferas, como o Grupo Mulheres do Brasil, o Programaria, o Women Corporate Directors, os coletivos feministas universitários, os movimentos contra a violência obstétrica, doméstica e de muitas outras formas. Essas redes nos mostram o poder da sororidade, o tal apoio mútuo entre mulheres que nos faz verdadeiramente mais fortes.
Do sonho realizado. Dos mais de 50 quilos que a minha prima perdeu e deu uma nova guinada na vida. Da carreira internacional que minha amiga deixou de lado para cuidar dos três filhos quando descobriu que se realizava como mãe. Do brilho na música da outra amiga que alterna o cargo de diretora de marketing e os cuidados do filho com os ensaios numa banda. Da minha mãe que, com mais de 50 anos, se divide entre muito trabalho em sua empresa, o cargo de avó e seus passeios de moto com meu pai e amigos.
O feminino que vem cavando espaço na vida política. Que busca representatividade nas leis e políticas públicas para as nossas tão negligenciadas pautas. É na figura de Tabata Amaral de Pontes e de novas caras que agora entram nesse espaço que vamos mudar esse vergonhoso 10,7% de participação feminina no Congresso que nos colocam na lanterna do ranking mundial, à frente apenas do Japão segundo o Banco Mundial. Sabemos que mulheres têm sim vocação para a política (e para o que mais quisermos), senhor Luciano Bivar, presidente do PSL.
A pluralidade de habilidades, perfis e planos que eu tenho os privilégios de conhecer dia após dia pela ImpulsoBeta. Das engenheiras da GM que dizem #bebold, das corretoras de seguro da Liberty, das agrônomas da Raízen, das mulheres talentosas cujo crescimento posso presenciar de perto e que me ajuda a questionar todos os dias meus próprios passos.
Ao escrever esse texto pensei no quanto o que me inspira é a potência humana. Ela se expressa naqueles que se permitem vivenciar seus próprios caminhos. Nós, mulheres, só conseguimos fazer isso sendo muito resilientes nesse mundo tão desigual, em que existem papéis determinados esperados da gente. Neste dia vou celebrar o mundaréu de mulher porreta com que convivo, que tenho a oportunidade de observar à distância e aquelas que desconheço totalmente, mas que estão por aí sacodindo as coisas pra gente colocar esse mundo no lugar.
Texto escrito por Renata Moraes, sócia-fundadora da ImpulsoBeta
Jornalista pela Universidade de São Paulo, com extensão na Universidade de Navarra (Espanha) e MBA Executivo pelo Insper, Renata acredita que diversidade gera benefícios para as pessoas e negócios. É autora da versão brasileira do Guia de Boas Práticas em Diversidade de Gênero da ONU Mulheres (WEPs) e faz parte da lista de mulheres inspiradoras 2015-Think Olga.
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