Saúde mental LGBTQIA+: o papel das empresas no bem-estar da comunidade

14/06/2024

Você já imaginou como sua saúde mental seria afetada se precisasse passar a maior parte da sua semana em um ambiente hostil? É por isso que é necessário falarmos sobre saúde mental LGBTQIA+ e como o espaço de trabalho impacta essa frente.

É claro que o tópico saúde mental é importante para todas as pessoas. Mas quando se trata da população LGBTQIA+, essa conversa se torna ainda mais urgente.

A marginalização, o preconceito e a discriminação que essas pessoas enfrentam diariamente são alguns fatores que impactam de forma direta o bem-estar mental.

O The Trevor Project, iniciativa internacional dedicada à prevenção do suicídio e saúde mental LGBTQIA+, lançou dados recentes que exemplificam os níveis de vulnerabilidade da comunidade quando o tema é esse.

Neste artigo, vamos apresentar um pouco desses novos dados e apontar caminhos possíveis para que as empresas contribuam com o cuidado de saúde mental LGBTQIA+ em suas organizações.

O impacto da LGBTQIA+fobia na saúde mental

A edição de 2024 da Pesquisa Nacional sobre Saúde Mental na Juventude LGBTQIA+ foi realizada pelo The Trevor Project em todo território estadunidense e apontou estatísticas preocupantes para saúde mental LGBTQIA+.

Segundo os dados, 50% das pessoas LGBTQIA+ entrevistadas que buscaram cuidado com a saúde mental no último ano não o conseguiram.

Ainda que o cenário analisado seja nos Estados Unidos, um paralelo pode ser facilmente aplicado para a realidade brasileira. A dificuldade de acesso a tratamentos de saúde mental LGBTQIA+ é, sem dúvidas, uma das grandes responsáveis por números tão alarmantes.

Esse acesso é dificultado por alguns fatores principais:

  • Vergonha ou medo de sofrer LGBTQIA+fobia em espaços de saúde;
  • Poucos recursos financeiros para acessar profissionais particulares;
  • Estigma acerca da necessidade de cuidados com a saúde mental;

O receio de vivenciar situações de preconceito e violência nos espaços de saúde inibe que pessoas LGBTQIA+ de procurarem ajuda. 

Não são raros os relatos de uso dos nomes de registro para pessoas trans e travestis, perguntas invasivas e enviesadas e até mesmo violência e má conduta médica.

Esse é um dos aspectos mais cruéis da LGBTQIA+fobia. O consultório médico ou terapêutico é um espaço de vulnerabilidade e hoje boa parte da comunidade antecipa a possibilidade de ser violentada ao buscar ajuda e, por isso, evita frequentá-los.

Pessoas LGBTQIA+ são mais vulneráveis ao suicídio

Os novos dados do relatório recente do The Trevor Project apontam a comunidade LGBTQIA+ como extremamente vulnerável ao suicídio.

Segundo as informações divulgadas, 39% das pessoas respondentes tentaram tirar a própria vida no último ano. O número é ainda mais alarmante quando fazemos o recorte de pessoas trans e não binárias e sobe para 46%.

A questão da saúde mental LGBTQIA+ não pode ser vista de maneira isolada. Fatores como raça, classe, gênero e localização geográfica criam camadas adicionais de desafio.

Por exemplo, uma pessoa LGBTQIA+ negra pode enfrentar racismo, além de homofobia ou transfobia, complicando ainda mais seu acesso a cuidados de saúde mental adequados.

A interseccionalidade também precisa ser considerada ao olharmos para esses dados. A instituição aponta que pessoas LGBTQIA+ não brancas tiveram índices maiores do que pessoas brancas da sigla.


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O papel das empresas na saúde mental LGBTQIA+

Um ambiente de trabalho saudável e inclusivo tem impacto significativo na saúde mental LGBTQIA+, para o bem ou para o mal.

Caso ele seja pouco acolhedor, com discriminação recorrente e sem políticas inclusivas, é altamente provável que pessoas colaboradoras da comunidade não fiquem na posição por muito tempo.

Isso significa maior rotatividade nos cargos, instabilidade nas equipes e problemas de reputação para a empresa.

Pessoas colaboradoras que se sentem satisfeitas e seguras têm isso refletido na qualidade de seu trabalho. O que, por sua vez, impacta diretamente os resultados financeiros das organizações.

Por isso, investir em Diversidade e Inclusão LGBTQIA+ na sua empresa precisa ir além do recrutamento de pessoas diversas.

É necessário construir políticas de retenção desses talentos, o que passa por olhar de perto como a empresa influencia a saúde mental de grupos minorizados.

A estabilidade financeira é um pilar crucial para o bem-estar mental de qualquer pessoa, especialmente as que fazem parte da comunidade LGBTQIA+.

Oferecer salários justos, benefícios abrangentes e oportunidades de crescimento profissional são maneiras pelas quais a sua empresa podem contribuir para a estabilidade financeira e saúde mental LGBTQIA+.

A seguir, apoiamos você a entender caminhos possíveis para que sua empresa apoie a manutenção da saúde mental das pessoas colaboradoras LGBTQIA+.

Implementação de políticas claras de Diversidade

Um primeiro passo fundamental é ter documentação que garanta que o preconceito contra pessoas LGBTQIA+ não será tolerado. 

Essas políticas trarão segurança para as pessoas colaboradoras, dando a elas a sensação de pertencimento e acolhimento necessárias para performarem bem suas funções

Treinamentos de conscientização sobre a temática

Todos os níveis de pessoas colaboradoras precisam estar na mesma página sobre a importância de acolher e respeitar a comunidade LGBTQIA+. 

Por isso, oferecer treinamentos, palestras e workshops de sensibilização é uma alternativa excelente para garantir que não haja situações de LGBTQIA+fobia na organização.

Benefícios inclusivos

Uma das formas de retenção de talentos que vem sendo utilizadas recentemente é a criação de benefícios inclusivos para pessoas de grupos minorizados.

No caso da saúde mental LGBTQIA+, é interessante que haja cobertura do convênio médico para procedimentos e consultas específicos à comunidade — como terapia hormonal, procedimentos de adequação de gênero, psicoterapia, entre outros.

Algumas empresas já implementaram alguns desses benefícios e eles impactam positivamente tanto as pessoas colaboradoras LGBTQIA+, quando a reputação da própria organização.

Redes de apoio e aliança

Os grupos de afinidade podem ser um aliado poderoso na construção de um senso de pertencimento forte nas empresas que desejam ser mais diversas e inclusivas.

Para promover a saúde mental LGBTQIA+, é interessante criar um espaço como este que permita trocas, conexões e apoio entre pares dentro da organização.


Ao adotar essas práticas, as empresas não só promovem um ambiente de trabalho mais saudável e inclusivo, mas também desempenham um papel fundamental na melhoria da saúde mental e do bem-estar geral da população LGBTQIA+.

Falar sobre saúde mental LGBTQIA+ é mais do que necessário – é uma urgência. A LGBTQIA+fobia impacta profundamente o estado emocional e físico das pessoas da comunidade.

Mas com o apoio correto, desde políticas inclusivas até a promoção de ambientes de trabalho seguros e estáveis, as organizações começam a reverter esses efeitos negativos.

É uma responsabilidade compartilhada que começa com a conscientização e se transforma em ações concretas para um futuro mais justo e saudável para todas as pessoas.

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