Coitadinho ou super-herói? Saiba mais sobre atitudes capacitistas
Você já ouviu falar em capacitismo? O termo se refere a qualquer ação que discrimina ou denota preconceito com relação às pessoas com deficiência (PcD's) e às pessoas neurodivergentes (NDs).
Entretanto, grande parte da nossa sociedade ainda não reconhece esse tipo de preconceito ou a maneira que ele está enraizado no dia a dia.
Vamos ver alguns exemplos? Você já se deparou com frases como "Eu vi, não sou cego" ou "Está surdo? Estou falando com você!". Trata-se de expressões capacitistas.
Mesmo com diversas lutas e com grupos minoritários promovendo transformações sociais pela diversidade, equidade e inclusão (DEI), o capacitismo ainda é um assunto que precisa ser discutido.
Para entender melhor, continue lendo este artigo e saiba o que são atitudes capacitistas e como evitá-las. Boa leitura!
Como as atitudes capacitistas ocorrem no ambiente de trabalho?
Em sua maioria, atitudes capacitistas acontecem no ambiente de trabalho de maneira velada, equiparando-se com o racismo ou o sexismo, em que nem sempre o agressor está disposto a tratar a outra pessoa da maneira correta.
São comentários preconceituosos, muitas vezes mascarados de brincadeiras, que acabam por revelar o capacitismo estrutural muito recorrente nesses locais.
Outra manifestação do capacitismo é a falta de oportunidades no mercado de trabalho para pessoas com deficiência e neurodivergentes.
Mesmo com a Lei de Cotas n. 8.213/91, a contratação dessas pessoas acaba não acontecendo. Uma minoria que consegue se inserir no mercado, muitas vezes, acaba sendo vítima de atitudes capacitistas, se tornando alvo de comentários preconceituosos ou tendo sua capacidade laboral menosprezada, sendo inserida em cargos de baixa complexidade. Isso automaticamente prejudica o seu trabalho e seu bem-estar profissional.
Um pouco sobre o capacitismo
O capacitismo engloba toda ação capaz de direcionar atos discriminatórios contra pessoas que não correspondem ao que é considerado "padrão" pela sociedade.
É uma condição preconceituosa, que se compara a demais atos discriminatórios direcionados a outros grupos sub-representados, incluindo racismo, LGBTfobia, sexismo, etarismo e gordofobia.
Termos capacitistas fortalecem a cultura de exclusão diante do novo, do desconhecido e também do diferente. Em vez de acolher a diversidade, tratam-na como uma exceção. São ações que podem aparecer na forma de brincadeiras, chacotas e humilhações.
Mesmo sendo um assunto tão grave e importante, ele é pouco abordado e necessita de mais visibilidade e reflexão. O capacitismo precisa ser combatido, principalmente em ambientes empresariais, eliminando toda e qualquer forma de preconceito relacionada às pessoas com deficiência e neurodivergentes.
Exemplos de frases capacitistas que devem ser evitadas
Ainda é muito comum nos depararmos com termos e frases capacitistas. Afinal, como evitar? É simples: refletindo, reconhecendo alguns termos, expressões e atitudes carregadas de preconceito. Confira alguns exemplos:
- "Você está surdo?";
- "Fica dando uma de João sem braço";
- "Eu vi, não sou cego!";
- "Que mancada";
- "Você é retardado?";
- "Finge demência";
- "Pensei que você fosse normal";
- "Coitadinho, ele tem deficiência";
- "Apesar de ser deficiente, até que você faz muita coisa sozinho, né?";
- "Você está cego?";
- "Mesmo com deficiência, faz muito mais do que uma pessoa sem";
- "Você é um anjo por estar passando por isso";
- "Você pode namorar mesmo assim?";
- "Mesmo sendo deficiente, você é bonito";
- "Fique de olho!".
A falta de conhecimento faz com que muitas pessoas utilizem termos que carregam preconceito e discriminação contra grupos minorizados. Por isso, reflita antes de falar e não empregue termos capacitistas e preconceituosos.
Entenda como evitar o capacitismo na sua empresa
Evitar o capacitismo pode parecer algo complexo, mas é mais simples do que se imagina. Comece abordando o assunto na sua empresa. Estimular o diálogo, o debate e criar campanhas de conscientização para as pessoas colaboradoras são alternativas capazes de desconstruir o preconceito.
Outro ponto é criar um espaço de fala para as pessoas com deficiência na organização, para que os tabus e as impressões precipitadas sejam deixadas de lado.
Algumas práticas podem fortalecer o combate ao capacitismo no ambiente organizacional. São elas:
Ter liderança treinada: uma boa liderança se atenta às necessidades de todas as pessoas, ou seja, consegue proporcionar experiências corporativas saudáveis e respeitosas entre as equipes e profissionais.
Estimular o trabalho em equipe: quando o trabalho em equipe é incentivado, a empresa passa a aproveitar melhor as habilidades de cada pessoa. Essa formação de grupos pode proporcionar uma rede de confiança e sociabilidade, onde todo o grupo é visto e tratado de forma igualitária.
Atentar-se aos canais de comunicação: é fundamental conhecer e entender o assunto, podendo estimular a produção de conteúdos relevantes para os canais de comunicação da empresa. Busque sempre informar e divulgar conteúdos para combater o preconceito contra a pessoa com deficiência, usando uma comunicação inclusiva.
Criar ambientes de trabalho acessíveis: ter atenção à acessibilidade significa ter preocupação com todos os ambientes da empresa, garantindo adaptação para o uso deles pelas pessoas com deficiência. Nesse caso, incluem-se banheiros, elevadores, rampas e demais adaptações necessárias.
Inconsciente coletivo: coitadinhos ou super-heróis?
Ao longo de este conteúdo, pudemos ver exemplos de frases capacitistas, corriqueiramente utilizadas, refletindo justamente no coletivo da maioria das pessoas.
Esse sentimento de "dó" direcionado às pessoas com deficiência faz com que elas sejam vistas como coitadinhas ou como exemplos de superação.
Ser uma pessoa com algum tipo de deficiência em meio a uma sociedade preconceituosa a torna, automaticamente, uma heroína? Ao mesmo tempo, essa pessoa se torna digna de pena apenas por estar apenas vivendo a vida à sua maneira?
Esse reconhecimento de superação e inspiração é uma visão capacitista. É preciso entender que pessoas com deficiência são pessoas como qualquer outra.
É possível construir ambientes organizacionais sem capacitismo, que pensem de forma adequada no recrutamento de pessoas com deficiência e que promovem inclusão, diversidade e equidade.
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